Na próxima quinta-feira (16), o Brasil encara a Colômbia, fora de casa, pela 5ª rodada das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo 2026.
Será a 1ª partida em que o técnico Fernando Diniz não poderá contar com o atacante Neymar, que teve que operar o joelho esquerdo após se lesionar de forma grave na recente derrota da seleção para o Uruguai.
O astro ficará cerca de 10 meses em recuperação, o que significa que o treinador terá que pensar um time sem Neymar para os próximos compromissos, que incluirão jogos oficiais das eliminatórias e também amistosos contra grandes equipes da Europa, como Espanha e Inglaterra.
Mas como Diniz deve escalar o Brasil contra colombianos e argentinos?
Para ter essa resposta, o ESPN.com.br ouviu os comentaristas da ESPN, que apontaram possíveis soluções para o comandante.
Será que o campeão da CONMEBOL Libertadores com o Fluminense deveria apostar em um meio-campo mais “recheado”, com vários volantes trabalhando nas roubadas de bola e construção de jogadas? Ou valeria apostar em um trio de atacantes móveis?
Veja como cada um dos comentaristas pensa essa questão.
Confira as opiniões:
Leonardo Bertozzi
Comentarista da ESPN e blogueiro do ESPN.com.br
É claro que é difícil ter um jogador que faça exatamente o que o Neymar faz. Ele ainda é um dos mais talentosos jogadores brasileiros e um dos maiores da história da seleção.
Acho, portanto, que, ao invés de tentar emular e imitar o Neymar, o Diniz deveria pensar em alternativas táticas.
Ele pode jogar num 4-3-3, com três meio-campistas e sem camisa 10 clássico. O Brasil tem bons jogadores para formar esse meio.
Também é possível usar o Rodrygo como ponta-de-lança. Vale lembrar inclusive que, na convocação, ele foi chamado como meio-campista. Então, é outra possibilidade.
Acho que a melhor alternativa, mas que não é possível no momento por questões extracampo, é o Lucas Paquetá.
Ele poderia fazer bem essa função do Neymar, mas, pela questão da investigação que existe contra ele, não tem sido convocado.
Se o Paquetá voltar a ser chamado para a seleção, ele seria minha primeira opção para fazer esse papel do Neymar.
Paulo Cobos
Blogueiro do ESPN.com.br
No desenho tático, Fernando Diniz encontrará soluções para montar a seleção sem Neymar. Mas o que mais uma ausência prolongada do atacante pode ter como grande benefício é o time nacional acabar de vez por todas a ideia que o camisa 10 é o dono do time.
Chega de jogar a bola e a responsabilidade em só um jogador que não se mostrou à altura para isso nos grandes jogos.
O Brasil atual não é a constelação de craques do passado. Só vai dar certo se apostar tudo no jogo coletivo, ponto em que Neymar é muito mais um problema do que solução.
A seleção brasileira, sem Neymar, tem a chance de se reinventar. E, se der certo, Neymar só terá duas opções quando voltar: aceitar ser “mais um” ou deixar de vez o time.
André Donke
Comentarista da ESPN e blogueiro do ESPN.com.br
Vejo o Rodrygo como a melhor alternativa para substituir o Neymar, por ser um atleta que faz muito bem essa função de jogar atrás de um centroavante, além de ser alguém que casa perfeitamente com o estilo de jogo de Fernando Diniz.
Aliás, o próprio treinador deixa claro esse ponto ao inclui-lo na lista de convocados como um meio-campista e não como atacante.
Além disso, o jogador do Real Madrid já executou essa função após a lesão de Neymar durante a partida contra o Uruguai.
Rodrygo sempre se associa bem aos demais no momento ofensivo, ajudando em tabelas e construções coletivas, sem mencionar sua capacidade para lances individuais.
Ainda que o Brasil possa optar por um meia mais passador, vejo o Rodrygo como a alternativa que mais ajudaria a fluir o jogo da seleção.
Isso sem mencionar que o lado direito do ataque, posição que ele ocupou na maior parte dos dois jogos da Data Fifa passada, foi fortalecido com o retorno de Raphinha.
Gustavo Hofman
Correspondente da ESPN e blogueiro do ESPN.com.br
A seleção brasileira sem o Neymar fica sem seu melhor jogador. O Neymar ainda é o melhor jogador do futebol brasileiro. Mas é possível, sim, imaginar o Brasil forte sem o Neymar nos próximos jogos das eliminatórias.
E como deve jogar o Brasil? Se o Diniz não quiser fazer nenhuma grande alteração em termos táticos e na formação da equipe, dentro da convocação atual o Raphael Veiga seria o substituto natural, até pela posição que o Neymar vinha tendo nos jogos da seleção, como meia-atacante jogando atrás da referência principal.
Mas é possível também, e o Diniz deve estar pensando nessa possibilidade, aproveitar o bom momento de alguns outros jogadores.
O Vinicius Jr. e o Rodrygo estão muito bem e devem estar sendo projetados como titulares. Ambos vêm de uma partida espetacular no Real Madrid x Valencia e estão crescendo na temporada. O Martinelli é um dos principais destaques do Arsenal até aqui. Olhando para o futebol brasileiro, o Paulinho está muito bem no Atlético-MG, Endrick cresce cada vez mais no Palmeiras…
O Diniz pode pensar também numa formação com dois atacantes ocupando a faixa central e dois de lado de campo, claro que buscando características de criação neles também. Então, seria o Vinicius Jr. mais por dentro, o Martinelli fazendo o lado esquerdo, o Rodrygo pela direita e flutuando por dentro…
O Rodrygo também gosta de jogar atrás dos atacantes. Essa é outra possibilidade, dentro da manutenção do esquema: o Rodrygo fazendo a função do Neymar.
A seleção brasileira tem qualidade mais do que suficiente no ataque para montar um grande time, apesar da ausência do Neymar.
Bruno Vicari
Apresentador da ESPN
Sem o Neymar, aí é “Dinizismo mode on“, sem amarras e sem pudores.
Por que estou imaginando isso? Muitas vezes, para implementar seu tão comentado estilo de jogo com o Neymar em campo, o Diniz precisou fazer adaptações. O Neymar, antes de se lesionar, estava fazendo saída de bola, algo que ele nunca fez na carreira! E é claro que o foco acaba indo para o principal jogador do Brasil na última década.
Sem o Neymar, o Diniz vai ter a possibilidade de fazer isso com outros jogadores não tão badalados. Aí, talvez, ele possa reforçar o meio-campo com três volantes, talvez com André, Douglas Luiz e Bruno Guimarães. De repente, ter um trio de ataque com mais liberdade, com Rodrygo, Vinicius Jr… E quem sabe pinte o Endrick. Aí é com o Diniz.
Fato é que o técnico da seleção, após a conquista da Libertadores com o Fluminense, está em alta e com moral para fazer a escolha que quiser.
Paulo Calçade
Comentarista da ESPN
Entendo que, antes de tudo, a gente tem que se perguntar como a seleção já jogava sem o Neymar, pois ele tem uma história de ausência em momentos cruciais.
Neymar é um jogador excepcional e extraordinário, mas que nem sempre esteve presente. Isso é o que a carreira dele mostra. Claro que é melhor contar com ele, até porque o Diniz talvez conseguisse entrar na cabeça dele, como já faz com todos os jogadores, e extrair o máximo em rendimento e performance.
Mas, sem ter o Neymar, vejo que é possível fazer dois arranjos dentro das formas que o Diniz costuma jogar: com três atacantes ou três jogadores no centro do campo. Nessa segunda opção, tem que haver uma distribuição entre volantes e meias que possam fazer o papel de marcação e também de construção.
Aliás, para mim esse é o grande “X” da questão de qualquer treinador da seleção brasileira: reconstruir um meio-campo para a equipe que possa realmente fazer a diferença. Há muito tempo não temos isso.
E aí vem o outro lado: a gente se despreocupou com o meio-campo nos últimos anos, porque sempre estava lá o Neymar centralizado. O pensamento era que bastava tocar para ele que ele resolveria, então a gente negligenciou o restante do meio. Está na hora de formar novamente um meio-campo que possa construir jogo, recuperar bolas e trabalhar mais efetivamente.
Não vou dizer que a ausência do Neymar é um benefício, mas é um questão real. Então, é a hora de reconstruir um meio-campo com habilidade, marcação e tudo que se pode desempenhar no futebol brasileiro com os jogadores muito bons que a gente tem.
A questão do Diniz é que tanto os jogadores que atuam fora do Brasil quanto os que são daqui trabalharam em jogo posicional quase a vida toda. O Diniz tem um estilo que não cumpre essas regras do jogo posicional. Ele é diferente. Então, quando esses caras voltam ao Brasil, eles ficam um pouco perdidos.
Ou seja: o jogo posicional condiciona uma forma de jogar, mas o jogo do Diniz dá mais liberdade, junto com um monte de responsabilidades. Sinto que os jogadores não ainda não estão conseguindo desempenhar em função disso.
Gustavo Zupak
Comentarista da ESPN
O Neymar é uma peça importante na ideia que o Diniz vem tentando colocar na seleção, que começou muito bem, mas depois de uma desencaixada nos últimos jogos.
A figura do Neymar é a do meia centralizado, embora ele seja atacante de origem, mas com liberdade para flutuar entre os setores.
Sem o Neymar, e olhando para a convocação atual, eu não mudaria a forma de jogar. E imagino que, pela maneira que o Diniz fez sua convocação, ele pensa – e eu concordo com essa ideia de início como teste – no Rodrygo como opção ideal para o lugar de Neymar.
Por que eu penso isso? Porque o Diniz convocou o Rodrygo entre os meio-campistas. Isso me chamou a atenção: na hora da convocação, ele lê o nome do Rodrygo entre os meias, ‘Rodrygo e Raphael Veiga’.
Então, para esse primeiro jogo contra a Colômbia, que é a primeira observação, é Rodrygo como 10, Vinicius Jr. aberto pela esquerda, possivelmente Raphinha aberto pela direita e Gabriel Jesus como centroavante titular.
Dois jogadores que merecem observação caso essa ideia não seja tão vistosa de largada: o Raphael Veiga no lugar do Rodrygo e o João Pedro, do Brighton, no lugar do Gabriel Jesus.
Ubiratan Leal
Comentarista da ESPN e blogueiro do ESPN.com.br
Para o Diniz, montar a seleção sem o Neymar não vai ser o fim do mundo.
O Neymar, pela qualidade e pelo tamanho que ele tem, é difícil de não convocar – e também é difícil não colocá-lo de titular. Mas ele é um jogador que tem sido difícil de encaixar no sistema do Diniz.
Neymar é um jogador que pega e bola e carrega muito para armar e distribuir, mas ele faz isso carregando e driblando. Ele não é um jogador que passa, pega, distribui e circula rápido, que é algo que o Diniz prefere fazer.
Agora, é pensar nos caminhos que o Diniz pode seguir. Talvez ele tenha que mudar a característica. Não é só colocar um “sub-Neymar” que vai resolver.
Nesse aspecto, se fosse para substituir sem mexer em muitas coisas, o mais adequado seria usar o Paquetá, caso ele estivesse disponível. Só que nem convocado ele foi, por conta da investigação na Inglaterra. Se ele estivesse disponível, seria a substituição mais óbvia, com Vinicius Jr. de um lado, Rodrygo do outro e um centroavante: Gabriel Jesus, Paulinho ou Endrick.
Mas, sem o Paquetá, ele pode tentar montar um modelo de meio diferente, que é o que eu faria. Um trio de meio-campo com capacidade de marcar e criar, com atletas inteligentes: André, Bruno Guimarães e Douglas Luiz.
São jogadores que, em seus clubes, atuam como segundos volantes, mas todos têm capacidade de marcação. Ainda mais o André, que o Diniz conhece tão bem do Fluminense e sabe o quanto ele pode agregar ao time. Aí você consegue liberar o Vinicius de um lado, o Rodrygo do outro e o centroavante mais fixo, provavelmente o Jesus.
Eu ficaria com essa opção, e creio que o Diniz deve apostar em algo mais ou menos assim.