Os adeptos mais optimistas dirão: o Benfica isolou-se na liderança da Liga após um empate (0-0) em Moreira de Cónegos, deixando para trás FC Porto e Sporting. Mas é indesmentível que os “encarnados” perderam pontos frente ao Moreirense e podem perder o comando isolado, caso o Sporting triunfe hoje frente ao Gil Vicente. Ou seja, o campeão nacional corre o risco de desbaratar muito do que tinha conquistado no derby na jornada anterior, não só os pontos, mas também a confiança.
Em equipa que empata 3-3 depois de ter estado a ganhar 3-0,não se mexe. Foi assim que Roger Schmidt encarou a visita a Moreira de Cónegos, apostando no mesmo “onze” que recebeu o Inter Milão, a meio da semana. O alemão terá visto coisas de que gostou e achou que seria suficiente para defrontar uma das boas equipas da I Liga, uma equipa que sofre poucos golos e que joga com objectividade. Não inventa, não demora a pensar, nem a executar. Foi assim que Rui Borges construiu este Moreirense sexto classificado. E seria este o obstáculo que estaria na frente do campeão nacional.
O que se viu nos primeiros minutos de jogo foi exactamente isso. Uma equipa minhota sólida no seu processo defensivo e rápida a chegar à frente. No primeiro quarto de hora, duas grandes oportunidades de golo: aos 7’, após uma perda de bola de Florentino, Madson fez o cruzamento e André Luís falhou a baliza de Trubin por pouco; e aos 12’, foi Madson a acertar na trave da baliza benfiquista. O Benfica tinha mais bola, o Moreirense tinha mais e melhores oportunidades.
O Benfica lá conseguiu entrar um pouco mais no jogo, mas só ameaçou verdadeiramente num canto aos 16’, com Otamendi a cabecear ao primeiro poste e Florentino a falhar a emenda. O melhor que conseguia no jogo era encher de faltas os jogadores do Moreirense — Rafa, à sua conta, provocou três na primeira parte. Para além do cabeceamento de Florentino, contabilizou-se um remate de Di María para defesa de Kewin e uma espécie de remate de Tengstedt, em boa posição mas com péssima execução.
Schmidt concluiu que o problema estava no meio-campo e, após o intervalo, lançou Chiquinho e Kokçu, retirando João Neves e Florentino — nenhum deles particularmente inspirado, mas também porque tinham a responsabilidade acrescida de compensar as falhas defensivas de dois laterais adaptados, Aursnes à direita e Morato à esquerda. A ideia seria dar mais risco no passe para a frente, sobretudo com o turco.
Mas foi o Moreirense quem voltou a entrar bem no jogo, com muita gente de qualidade no meio-campo (Gonçalo Franco) e no ataque (Madson foi o melhor em campo), para além de uma defesa à prova de bala. Aos 54’, teve uma sequência de vagas de ataque que terminou com um remate perigoso de Franco.
O Benfica voltou a demorar a entrar no jogo, mas conseguiu ganhar algum domínio territorial e foi criando algumas situações de ruptura. Aos 72’, Kokçu recebeu a bola no flanco e fez o cruzamento atrasado para João Mário, que meteu finalmente a bola na baliza do Moreirense. A festa durou pouco, porém, porque Kokçu estava 31 centímetros adiantado em relação à linha defensiva do Moreirense.
Foi o mais perto que o Benfica esteve do golo até ao apito final. Ainda lançou Gonçalo Guedes e João Victor (que praticamente não tem entrado nas contas do treinador) para um último fôlego, mas sem efeitos práticos. Desta vez não houve nenhuma vitória saborosa no último minuto. Apenas um empate que não soube a nada.