Rebel Moon é uma obra crua que precisava de mais tempo


Rebel Moon definitivamente causa uma impressão em todos aqueles que o assistem. A direção de Zack Snyder deixa a obra divertida e empolgante em diversos momentos, mas também cheia de clichês e furos que são difíceis de engolir.

Talvez, por conta da reputação do diretor, as críticas sejam mais duras, mas não posso dizer que achei o filme terrível. Estou esperando pela parte dois, mas espero que acabe por ali.

Um universo rico, mas cheio de personagens vazios

Na impaciência de avançar com a trama, os personagens acabam em segundo plano e não são marcantes, passando por ela quase despercebidos. Nossa protagonista, Kora, é interessante, mas não passa muito disso.

Eu realmente gostei das criaturas que aparecem em Rebel Moon, algumas são muito criativas. Os visuais também foram bem-produzidos, embora a proposta estética do filme seja uma bagunça e bastante complicada de compreender no final das contas.

Parece ser tudo muito tecnológico, mas ao mesmo tempo analógico. Naves gigantescas são dirigidas, mas nossos protagonistas cavalgam em criaturas na terra. Não funciona, mas é interessante. Ao mesmo tempo em que os seres diferentes aparecem e causam um impacto, não nos levam a lugar algum na narrativa.

Falando em nossos protagonistas, nenhum realmente tem presença. O filme está mais interessado em adiantar o enredo do que desenvolvê-los. Não acho que isso seja necessariamente ruim, mas se todos morressem de uma vez, não sentiria nada. A maioria de todos que aparecem no filme são facilmente descartados e nem precisariam estar ali.

Os vilões, por sua vez, são seres terríveis em um verdadeiro império fascista em meio a destruidores de mundo. Nossa repulsa em relação a eles é estabelecida logo no começo.

A influência de Star Wars está definitivamente presente. Só esqueceram o carisma dos personagens, um desenvolvimento adequado da trama e boas coreografias nas cenas de luta.

Ao pensar no universo de Rebel Moon, só consigo pensar que seria melhor se fosse uma animação. Especialmente pelo fato de alguns clichês e cenas de combate não funcionarem bem no live-action.

O mundo é interessante e eu gostaria de vê-lo de uma forma mais trabalhada, pois existe um potencial adormecido enorme na franquia. De modo geral, o longa apressou tudo e não trabalhou nada, não levando a nenhum resultado concreto os personagens que têm motivações nada convincentes.

Clichês e furos de roteiro

É difícil de engolir certos clichês em uma obra deste suposto calibre. As cenas de ação não são muito bem estabelecidas e muitas vezes não fazem sentido, gerando um desconforto a ponto do espectador simplesmente parar de prestar atenção no filme.

Por que um homem de um exército que destrói mundos anda com um cajado e nenhuma arma de fogo, nem mesmo uma lâmina? Uma espécie de samurai possui duas katanas flamejantes, mas em uma luta até a morte com uma criatura aracnídea perigosíssima só utiliza isso quando está prestes a morrer… Por que os vilões capturam os heróis, os imobilizam e perdem a oportunidade de uma maneira absolutamente ridícula?

A luta final consegue ser pior, já que a protagonista corre para seu momento solo com uma arma de fogo na mão em vez de atirar no seu inimigo terrível que só tem um cajado e está indefeso. E quando ela finalmente se aproxima, está misteriosamente com as mãos vazias, para que tudo possa ser resolvido com socos e chutes.

Mas o mais dolorido são os gritos dos combatentes, que correm em direção à morte indiscriminadamente. Isso acontece diversas vezes no filme e se torna irritante, ao ponto de você desejar que morram logo para que a próxima cena chegue.

Alguns atritos são bem desnecessários e não acrescentam muito na narrativa, como duas tentativas de abuso e uma cena “sensual” com uma criatura de tentáculos. E tem os diálogos, que são dispensáveis em sua maioria. Flashbacks totalmente forçados em um contexto nada a ver, apenas uma desculpa para mostrar o passado da protagonista.

É tão ruim assim?

Eu tenho um critério pessoal muito bem estabelecido. Aceito que um filme seja tecnicamente ruim, mas não que ele seja chato. Rebel Moon não é chato, mas falha em tantas partes que fica difícil de entender o que Snyder queria transmitir.

A impressão que tive foi que tudo ainda estava muito cru e o filme acabou saindo do forno antes da hora. A produção parece apressada e o enredo corrido, despedaçando qualquer coerência narrativa. A obra precisava de mais tempo para encontrar sua identidade.

Mas ainda assim, todas as falhas não conseguem esconder o universo interessante e o plano de fundo que chama bem mais atenção que qualquer personagem da obra.

A parte visual é um dos pontos fortes, já que a estética agrada, mesmo que não faça sentido como unidade. Espero que a parte 2 seja melhor e tape os buracos deixados.

Rebel Moon é um filme sem personagens interessantes, no qual o plano de fundo consegue chamar mais atenção do que a história. A parte visual é o ponto forte da obra, mesmo que seja confusa e ofuscada por clichês e furos de roteiro.



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