Recentemente, duas matérias publicadas pela Revista Sociedade Militar lastradas em bases de informações diferentes – pesquisas de opinião e análises por AI da participação da sociedade online – revelam um panorama complexo e multifacetado da percepção pública em relação ao Exército Brasileiro. De um lado, as pesquisas de opinião, muito festejadas pelo Exército e que, segundo a interpretação de oficiais dessa força, mostram um alto nível de confiança nas Forças Armadas, enquanto, por outro lado, há um aumento exponencial na rejeição expressa nas redes sociais, que em comentários feitos em resposta ao vídeo de final de ano do comandante da Força Terrestre, mostraram 80% de posicionamentos negativos.
Confiança nas Pesquisas
Segundo o artigo na Revista Sociedade Militar, pesquisas recentes, incluindo as do IPEC, QUAEST e DATAFOLHA, indicam um alto nível de confiança nas Forças Armadas. O IPEC, em julho de 2023, mostrou um índice de confiança social de 66%, colocando as Forças Armadas na 5ª posição entre as instituições brasileiras, com um nível médio de confiança de 68,6% nos últimos cinco anos. Em agosto e dezembro, a QUAEST registrou um nível de confiança de 74% e 72%, respectivamente, posicionando as Forças Armadas em destaque. A pesquisa Datafolha, por sua vez, revelou que 78% dos brasileiros confiam nas Forças Armadas, sendo que 34% confiam muito, destacando a instituição como a mais confiável do país.
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A enorme Rejeição nas Redes Sociais
Contrastando com a confiança expressa nas pesquisas de opinião dos institutos mais conhecidos do país, um aumento significativo na rejeição ao Exército foi observado nas redes sociais, sobretudo no Youtube. Uma análise de sentimentos realizada pela Revista Sociedade Militar apontou que a rejeição ao Exército Brasileiro nas redes sociais aumentou em 1.500% entre 2021 e 2023. Em 2021, cerca de 95% dos comentários em vídeos do Comandante do Exército eram positivos, mas em 2023, 80% desses comentários tornaram-se negativos, refletindo uma mudança drástica na percepção pública da instituição.
Exército e questões políticas
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A disparidade nas percepções pode ser atribuída a vários fatores. Primeiro, a associação do Exército com questões políticas, particularmente durante o último período eleitoral e após as eleições presidenciais, evidentemente influenciou a opinião pública. Uma evidente falha de condução na comunicação social do Exército Brasileiro deixou que posicionamentos da força fossem interpretados como um recado de que o Exército iria entrar em ação caso o resultado das eleições não correspondesse as suas expectativas.
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O discurso do Comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné, no final do ano de 2023, primeiro sob a nova gestão de Lula, foi praticamente um recado de que os militares manterão uma conduta adequada e dentro de suas responsabilidades constitucionais (preocupados com coisas de soldado), sugerindo uma resposta às críticas e expectativas políticas.
A visibilidade e o engajamento público dos discursos dos Comandantes do Exército nas redes sociais servem como um termômetro da expectativa social sobre o posicionamento do Exército.
Enquanto as pesquisas, segundo o Exército, apontam para uma confiança consolidada nas Forças Armadas, as redes sociais, segundo a análise publicada pela Revista Sociedade Militar, refletem uma crescente desconfiança e críticas.
Diz o texto na Revista Sociedade Militar:
A análise de sentimentos … utilizando inteligência artificial, avaliou os impactos dos discursos de final de ano dos Comandantes do Exército entre 2021 a 2023. Os resultados são preocupantes: os comentários negativos saltaram de cerca de 5% em 2021 para 80% em 2023, um aumento exponencial de 1500% na rejeição por parte dos usuários das redes sociais.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar