Lateral do Cruzeiro, que enfrentará o União Mogi-SP pela terceira rodada da Copa São Paulo de futebol júnior, nesta quarta-feira (11), às 17h15 (de Brasília), Victor Gabriel fez muito sucesso no ano passado no Tik Tok.

O jovem conseguiu mais de 1,8 milhão de visualizações com um vídeo no qual conta as muitas dificuldades que superou até conseguir se firmar no clube celeste e defender a seleção brasileira sub-17.

“Foi algo bem despretensioso. Vi um outro garoto contando a história dele e resolvi falar sobre a minha. Poucas pessoas sabiam o que eu tinha passado. Queria mostrar que nada é impossível na vida”, disse ao ESPN.com.br.

Depois de começar em escolinhas em Goiás, Victor mudou-se para Porto Alegre – junto com a mãe e o irmão recém-nascido – para jogar na base do Grêmio e realizar do sonho de ser jogador de futebol.

“Passei bons e maus momentos, que serviram como aprendizado. Aconteceram muitas coisas que quase me fizeram desistir”, contou.

“Onde a gente morava tinha muito mofo e meu irmão passava muito mal. A gente virava a noite cuidando dele e ia treinar no dia seguinte de manhã. Eu perdi espaço e acabei sendo rebaixado para o time b”, contou.

O pai de Victor ficou em Goiás trabalhando para tentar bancar o restante da família na capital gaúcha. No entanto, a renda não era suficiente e o jovem resolveu fazer um apelo na internet para conseguir uma cesta básica por meio de uma vaquinha.

“Não passamos fome, mas enfrentamos muitas dificuldades”.

Com a chegada da pandemia de COVID-19 no Brasil, o futebol foi paralisado em março de 2020 e Victor voltou para Goiás.

“Nós fomos despejados de dois apartamentos e precisamos deixar os móveis na casa de uma amiga da minha mãe. A gente ia vendê-los para ter dinheiro, mas a pessoa que comprou passou um golpe. Ficamos sem nada”.

Para piorar, ele recebeu a notícia que havia sido dispensado da base do Grêmio. “No começo treinava em casa sozinho. Depois, fiquei quatro meses totalmente parado antes de voltar para a minha antiga escolinha”.

Neste período sem clube, ele passou a ajudar a mãe em um salão de beleza lavando o cabelo das clientes e cozinhando. “Eu cozinho muito bem. A minha especialidade é fazer um arroz com feijão e bife”.

Do salão para a seleção

Em outubro de 2020, surgiu a chance que mudou a vida do lateral ao ser aprovado em um teste no Cruzeiro. Em pouco tempo na Toca da Raposa, o jovem se destacou foi chamado para a seleção brasileira de base.

O jovem, que é fã de Cafu, joga nas duas laterais por inspiração no português João Cancelo, do Barcelona.

“Chegou a minha hora e a minha família ficou muito feliz. Minha ficha demorou para cair. Já fui convocado cinco vezes e joguei até mesmo na França. É uma sensação inexplicável”.

Outro momento marcante para o jovem foi conhecer Ronaldo Fenômeno, dono da SAF do Cruzeiro.

“Estava um dia no refeitório, quando olhei para o lado e até tremi (risos). Nunca tinha passado por isso antes. Ele tem uma presença incrível pela história no futebol”.

No ano passado, Victor publicou o vídeo que repercutiu bastante nas redes sociais para celebrar a volta por cima e inspirar outros jovens.

“Recebi muitas mensagens de outros garotos falando foram ajudados pelo vídeo”.

No último ano do ensino médio, o lateral pretende continuar os estudos e fazer uma faculdade de educação física. “A carreira de jogador é difícil e quero me especializar nessa área para entender mais sobre o meu corpo”.

Victor, que disputa a segunda edição da Copinha na carreira, briga por espaço para jogar mais tempo na equipe celeste.

“É uma competição muito grande e o nosso time é muito forte. Tenho 17 anos e preciso buscar meu espaço no elenco. É uma experiência excelente e te prepara para o futebol porque é o maior campeonato de base do mundo”.