Em uma semana no BBB 24, Rodriguinho conseguiu atacar os corpos femininos, ofender baianos, criticar festivais amazonenses, zombar trajes típicos gaúchos e ainda fazer piadas com compulsão alimentar. As atitudes do cantor provam que a rejeitada Karol Conká poderia ser a heroína de sua temporada: ela movimentou o jogo e pagou a própria língua por dar opinião sobre o que acontecia dentro do confinamento –sem precisar usar as características culturais dos brothers para isso.

Rodriguinho e Karol são antagonistas do Big Brother Brasil, mas têm diferentes tipos de vilania. João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), explica ao Notícias da TV que pode ser mais difícil para o pagodeiro reverter a situação quando deixar a casa.

“Enquanto a Karol tecia comentários sobre as situações dos participantes, o Rodriguinho faz alguns ataques na esfera do preconceito. Xenofobia contra a Isabelle e os festivais de boi-bumbá, comentários sobre a boina que o Matteus usa, o sotaque das pessoas”, lista.

“Rodriguinho está com falas um tanto quanto problemáticas e rapidamente ascende ao cargo de grande antagonista/vilão da edição. E, obviamente, como todo vilão, ele precisa da aceitação de um grupo. Esse grupo surgiu com o Nizam e o [Lucas] Pizane, que acabaram dando chancela para as falas infelizes do Rodriguinho”, acrescenta.

Como em toda narrativa de reality shows, o público precisa de pessoas para amar e para odiar. Rodriguinho cumpre sem medo o papel de carrasco. Mesmo com a resposta de sua liderança, avaliada pelo público com um emoji de “alerta”, o artista não se importou. “Só não quero ser cancelado pela minha mulher e pelos meus filhos. Pode o Brasil inteiro me cancelar”, disparou.

Para Finamor, o cantor tem potencial para dar sustentação às narrativas da temporada e não merece ser eliminado logo no início do programa. “Tem grande chance de ser a Karol Conká da edição, até porque ele está criando atritos com dois personagens com muita popularidade, que são a Beatriz Reis e o Davi Brito”, aponta.

As falas do Rodriguinho são reflexos de uma sociedade machista, em que a mulher envelhecer, ter curvas, comer e ter autoconfiança é algo ruim. Ele reflete o que as pessoas pensam em sociedade. Por isso ele não recebe tanto hate quanto a Karol. As pessoas pensam: ‘Ah, é homem, tudo bem’.

O legado de Karol Conká

Três anos depois da participação de Karol Conká no BBB 21, as falas da rapper se tornaram memes nas redes sociais –isso graças ao trabalho de sua equipe de gestão de imagem. A cantora conseguiu reverter os “haters” em fãs na internet e hoje lida bem com sua passagem pelo programa.

Rodriguinho, por outro lado, ainda não teve falas icônicas ou engraçadas que poderiam repercutir de maneira positiva. Ele acumula “brincadeiras” com o corpo de Yasmin Brunet, a quem definiu como “velha” e que “come demais”; e críticas a Davi, que ele chamou de um “cara comum da Bahia”.

“Ele vai continuar agindo dessa forma, ele mostra que é agressivo. São vilões e antagonistas com comportamentos diferentes. As falas da Karol hoje são memes. Do Rodriguinho, nada viralizou como meme, não tem potencial. Junto a ele, o Nizam vem como um assistente de vilania”, diz o especialista.

“Definitivamente ele não está tendo a rejeição nem os ataques da Karol. O caso dela teve uma projeção que não conseguimos sequer mensurar o quanto ela recebeu de ódio. Talvez pela pandemia, pelas pessoas estarem enclausuradas e terem vontade de botar tudo para fora”, avalia Finamor.

Karol, por sua vez, também fez questão de rechaçar qualquer comparação com Rodriguinho. Na segunda (15), em seu perfil no X (antigo Twitter), a rapper escreveu: “Que esse dia seja maravilhoso, regado de uma criatividade que impossibilita vocês de fazerem comparações desnecessárias”. Ela não chegou a citar nomes, mas para bom entendedor…

Por que Karol foi heroína do BBB 21?

Na balança dos vilões, Karol Conká foi a responsável por colocar Juliette Freire no posto de preferida do público. A rapper também tinha aliados fortes, como Lumena Aleluia, Nego Di e Projota, e levou todos para o buraco.

Karol usou de seu deboche e conseguiu irritar Lucas Penteado a ponto de ele desistir da competição. Ela se consagrou protagonista das narrativas do BBB 21, já que tudo estava conectado a ela até o dia da final. Os finalistas Juliette, Camilla de Lucas e Fiuk ainda tinham assuntos pendentes com a eliminada.

Karol era uma mulher preta, bem-sucedida, com autoestima e aceitação muito bem resolvidas, uma mulher com força. Quem é misógino ou tem preconceito aproveitava os deslizes para poder atacar. Foi algo muito maior. Rodriguinho está recebendo hate, mas nem perto do que a Karol recebeu.

Rodriguinho, porém, tem sido o brother que movimenta as engrenagens do BBB 24. Ele foi o responsável por emparedar duas vezes Davi Brito, seu principal rival e queridinho do público, e cravou que não desistirá enquanto o motorista de aplicativo não sair do programa.

“Um bom enredo precisa do mocinho, do vilão e das pessoas à volta. Com uma semana já aconteceu tudo isso, a briga do Davi com o Nizam, as falas problemáticas do Rodriguinho… Tudo nos leva a crer que teremos uma grande edição, tem muita coisa a acontecer pela frente”, conclui o especialista.