Mulher de presidente fica com presente caro? É o assunto dos sul-coreanos


Pele, cabelos, pescoço e silhueta da primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon-Hee deixam todo mundo de queixo caído quando sua idade é revelada: 51 anos, aparentando no mínimo vinte a menos.

Mas não é a aparência incrivelmente jovem da mulher do presidente Yoon Suk-Yeol que virou um dos assuntos mais comentados do país, mas sim o acessório no centro do “escândalo da bolsa Dior”.

O presente aparentemente foi uma armadilha. O autor: um pastor americano, Abraham Choi, que defende a reunificação das duas Coreias – uma posição, de forma geral, dos simpatizantes de esquerda. Choi já fez visitas à Coreia do Norte, o que só é possível, no regime mais fechado do mundo, para quem tem muita afinidade com seu líder, Kim Jong-Un.

O presidente atual é de direita apesar do nome do seu partido, o Popular Progressista, e segue uma linha mais dura em relação à metade do Norte.

Alguém duvida que Choi está sendo acusado de tramar uma conspiração política ao filmar secretamente, com uma câmara escondida no relógio, como nos antigos filmes de espionagem, o encontro em que presenteia a primeira-dama com a bolsa, que custa 2 250 dólares (antes dos impostos de importação)

O vídeo foi feito em setembro de 2022, mas começou a circular em novembro do ano passado, num site de esquerda. “Não traga presentes caros assim”, chega a dizer a primeira-dama quando o pastor lhe entrega uma sacola com o logotipo inconfundível.

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Funcionários públicos e cônjuges não podem aceitar presentes do valor acima de 750 dólares, por unidade, ou no total anual de 2 200 dólares.

NOVA ORDEM

Quatro ex-presidentes sul-coreanos já cumpriram penas de prisão depois de deixar o cargo, um cometeu suicídio quando era investigado. A primeira mulher a ser eleita presidente, Park Geun-Hee, sofreu impeachment e foi condenada a 25 anos de prisão, sendo beneficiada por um perdão presidencial em 2022.

O pastor Choi disse que procurou a primeira-dama para tentar ter uma audiência com o presidente e demovê-lo da intransigência em relação à Coreia do Norte.

Obviamente, o grande risco para a península é o ditador comunista, com suas armas nucleares e declarações bombásticas que têm aumentado de tom, possivelmente aproveitando que as atenções estão concentradas da situação altamente inflamável do Oriente Médio.

O pequeno Kim também quer fundar uma “nova ordem mundial multipolar”, o mesmo jargão usado por governos que promovem o Sul Global, um pesadelo em que Rússia e China são as potências dominantes.

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CAMPEÃ DE PLÁSTICAS

A Coreia do Sul fará eleições legislativas em abril e esta proximidade aumenta as tradicionalmente agitadíssimas tensões políticas. O país tem um sistema misto, com presidente e primeiro-ministro.

O presidente e a primeira-dama poderiam resolver o escândalo da bolsa Dior comprovando que o presente foi para o patrimônio público ou, na falta disso, pedindo desculpas.

Ao contrário da aparência de frágil bonequinha oriental e de propaganda ambulante da obsessão cosmética de tantas sul-coreanas, a mulher do presidente é uma empresária e acadêmica com experiência em controvérsias: já foi acusada de evasão fiscal, manipulação no mercado financeiro e plágio em sua tese de doutorado sobre design eletrônico.

Todo mundo quer saber seus segredos de beleza, especialmente no país recordista em cirurgias plásticas per capita, à frente dos Estados Unidos e do Brasil, mas talvez existam outras coisas mais importantes a ser reveladas.



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