Gol pede recuperação judicial nos Estados Unidos | Negócios


Com uma dívida total de R$ 20,3 bilhões, a Gol acaba de informar que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, o chamado chapter 11. A companhia, com isso, confirma uma possibilidade com a qual o mercado já trabalhava e segue o caminho já trilhado por outras empresas aéreas que atuam ou já atuaram no Brasil, como a Latam e a Avianca, que buscaram a reestruturação financeira por meio da justiça americana após a pandemia.

O pedido nos EUA é uma saída para a Gol ter um processo de recuperação judicial mais rápido que no Brasil e que também oferece maior proteção em relação à retomada das aeronaves por parte dos arrendadores. Segundo o CEO da Gol, Celso Ferrer, o principal objetivo é reestruturar a dívida de R$ 9,8 bilhões com os 25 arrendadores das aeronaves, que seguem a lei americana.

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“O processo é para proteger a companhia de qualquer ação a ser tomada por arrendadores das aeronaves e dar tempo e condições para que essa renegociação seja feita de forma organizada”, disse Ferrer, que atribuiu a gravidade dos problema financeiros da empresa aos impactos da pandemia.

Gol: companhia acertou financiamento de US$ 950 milhões com bondholders — Foto: Divulgação
Gol: companhia acertou financiamento de US$ 950 milhões com bondholders — Foto: Divulgação

A companhia já vinha negociando individualmente com os arrendadores desde junho. As conversas, segundo Ferrer, evoluíram em diferentes estágios, com alguns “apoiando muito” o realinhamento do fluxo de caixa. Por isso, Ferrer espera que o processo judicial seja menos demorado que o tempo levado por outras companhias da América Latina, de um a dois anos. “Não estamos em um cenário da pandemia, estamos com demanda consistente e a Gol possui uma operação simples, opera o mesmo modelo de aeronave”, disse Ferrer.

Com o processo, a Gol esperar desalavancar a empresa e trazer liquidez para manter a operação das atividades. A companhia disse que inicia o processo judicial com o compromisso de obter um financiamento de US$ 950 milhões com um grupo de bondholders (ad hoc group) da Abra, holding que controla a Gol, que será provido na modalidade debtor in possession (DIP). A companhia buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do primeiro dia com o tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias.

A companhia aérea garante que as atividades do grupo, incluindo os voos da Gol e da Gollog, de cargas, e do programa Smiles continuam normalmente durante o processo de reestruturação financeira.

O CEO da Gol não vê a necessidade de redução das aeronaves em serviço neste momento e afirma que a companhia possui contratos flexíveis com os fornecedores das aeronaves e que deve honrar os recebimentos das aeronaves previstos para o curto prazo.

A Gol informa que continuará pagando salários e benefícios aos colaboradores normalmente e que a irá honrar compromissos com parceiros comerciais e fornecedores de bens e serviços, bem como de compromissos assumidos com clientes ao longo desse processo.

Da dívida total de R$ 20,3 bilhões, R$ 3 bilhões são de vencimento no curto prazo, segundo dados até setembro. A Fitch Ratings calcula que a empresa tinha um caixa de R$ 905 milhões nesse período. A Gol reportou que tinha ainda mais R$ 1 bilhão de contas a receber e R$ 2,7 bilhões em depósitos.

Entre os próximos vencimentos está o pagamento de juros no valor de US$ 12 milhões (ou R$ 60 milhões) referente ao bond emitido pela empresa com vencimento em 2025, que expira em 31 de janeiro.

Sobre o pacote de até R$ 6 bilhões para as companhias aéreas em estudo pelo governo, que inclui medidas que vão desde o abatimento de tarifas aeroportuárias, renegociação de impostos e até linhas de crédito, Ferrer disse que essa discussão não tem relação com a decisão da Gol de entrar com pedido de recuperação judicial.



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