Em fato relevante no último domingo (28), o Magazine Luiza (MGLU3) anunciou um aumento de capital privado de R$ 1,25 bilhão. A família Trajano será responsável por colocar R$ 1 bilhão e o BTG Pactual se comprometeu com os R$ 250 milhões restantes. O banco terá como garantia as ações da família e a operação terá vencimento em dois anos e meio.
A oferta contempla a subscrição privada de mais de 641 milhões de ações ordinárias. O papel será emitido a R$ 1,95, o que representa um desconto de 5% em relação ao fechamento da última sexta (29).
Caso nenhum acionista minoritário acompanhe a oferta, a participação dos Trajano aumentará de 56% para 58%.
O que significa esse aumento de capital para Magazine Luiza?
Segundo Ferrer, essa injeção de capital é muito importante para melhorar a estrutura financeira de Magazine Luiza. O balanço da varejista vem sofrendo nos últimos trimestres com o endividamento, intensificado principalmente pela elevação da taxa básica de juros ao longo de 2022 e 2023.
“Na pandemia houve uma explosão do e-commerce, o que levou Magalu a ter uma estrutura robusta. Porém, passado esse período, as vendas não acompanharam o tamanho da estrutura da varejista. Um exemplo é que atualmente em torno de 40% dos centros de distribuição da companhia estão desocupados”, explica Ferrer.
Ele explica que, com esse aumento de capital, a companhia passaria de um patamar de dívida líquida/EBITDA de 3,3 vezes para 2,3 vezes, “um cenário muito mais sólido“, nas palavras dele.
O analista também reforça que o quatro trimestre costuma ter uma boa sazonalidade para a geração de caixa. “Possivelmente, quando for divulgado o resultado do 4T23 de Magazine Luiza nas próximas semanas, seu endividamento deve estar até abaixo de 2x dívida líquida/EBITDA”.
Portanto, Ferrer considera a operação bastante positiva para a companhia.
A operação é boa para MGLU3?
O analista conta que existem duas possíveis narrativas em torno dessa decisão: 1) “a família Trajano está tão comprometida com o negócio a ponto de injetar mais capital do que já têm”; 2) “o papel já caiu mais de 90% e ainda haverá uma diluição de 8,7% na posição acionária dos minoritários”.
“Por enquanto, o mercado parece estar seguindo a primeira narrativa“, diz Ferrer. Às 13h55 desta segunda-feira (29), MGLU3 sobe mais de 5%.
Além disso, ele acredita que a redução de despesas financeiras em quase R$ 170 milhões, resultante desse aumento de capital, venha a animar os investidores.
“O fato de ser um aumento de capital privado inclusive traz mais velocidade para a operação do que um follow-on, por exemplo, além de a própria família ter se comprometido, o que pode dar mais confiança [para o mercado]”.
Queda da Selic pode ser positiva para a ação, mas Amazon e Mercado Livre ainda se saem melhor
Ferrer estima que a cada 1% de queda da taxa Selic, Magazine Luiza pode ter um incremento da ordem de 150 milhões em seu lucro antes de impostos.
Por outro lado, o analista ressalta o momento desafiador do mercado de e-commerce, devido às margens baixas e à necessidade de investimentos altos.
“No setor, preferimos Mercado Livre e Amazon, que estão com muito apetite. Só o Mercado Livre ganhou 20% de participação de mercado em três anos”.
“No curto prazo, as ações de Magazine Luiza podem ter um ‘refresco’ e subir, mas para o longo prazo não me animo tanto por conta desse ambiente muito competitivo do varejo. Por enquanto temos uma visão neutra para o papel”, finaliza.
Gerdau (GGBR4) pode distribuir 66% a mais de dividendos com venda de ativos
Os dividendos da Gerdau podem aumentar devido à venda de um ativo-chave da companhia. É o que acreditam os analistas da Empiricus Research.
Para eles, o dividend yield da Gerdau pode saltar de 6% para algo próximo de 2 dígitos (10% ou mais), com essa operação.
Não à toa, a empresa foi incluída no ranking com as 5 melhores ações para dividendos agora. Confira a seleção completa dos analistas DE GRAÇA aqui.