A inabilitação da candidata María Corina Machado, principal opositora do chavismo nas eleições presidenciais da Venezuela, previstas para este ano, ameaça a reabertura econômica comemorada por Caracas nos últimos meses. Os Estados Unidos revogaram uma licença para a exploração de ouro, na segunda-feira, e anunciaram nesta terça-feira que em abril reintroduzirão as sanções ao setor de petróleo e gás do país, motor da economia. As punições econômicas haviam sido retiradas após o Acordo de Barbados, entre governo e oposição em outubro passado, traçar uma rota para a participação de políticos opositores em eleições limpas e democráticas. No entanto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, ligado ao chavismo, confirmou no último dia 26 a inabilitação política por 15 anos de María Corina e do ex-candidato presidencial Henrique Capriles, outro nome de peso da oposição.
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Meses após o Acordo de Barbados, os governistas deram uma interpretação própria aos termos assinados, habilitando quatro candidatos de menor projeção, e impedindo María Corina, que venceu as primárias opositoras, e Capriles, adversário de Maduro em 2013, de concorrerem.
Pouco menos de uma semana após a proibição, os EUA anunciaram a reativação das sanções contra a estatal mineradora de ouro na Venezuela, a Minerven, nesta segunda-feira. Em nota, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) do Departamento do Tesouro americano estabeleceu o dia 13 de fevereiro como data-limite para “liquidar quaisquer transações pendentes” com a empresa, algo que contraria uma licença concedida em outubro do ano passado — que era válida dentro do acordo em que Caracas se comprometia a libertar presos políticos e garantir condições para eleições livres.
A Casa Branca, inicialmente, afirmou que daria um prazo de dois meses para que o governo Maduro permitisse que os candidatos da oposição participassem das eleições. O prazo venceria em abril e coincide com o fim de um pacote de decretos assinados em novembro, nos quais foram concedidas licenças para empresas americanas explorarem petróleo no país — outra oportunidade vista por Caracas para romper com o isolamento internacional.