O imóvel investigado, com dois pavimentos, academia, quadra de tênis, piscina e área verde chegou a ser apresentado pelo influenciador em seu canal no YouTube.
Conforme apontam as investigações, foram identificados documentos relacionados ao imóvel em troca de e-mails de Cariani. A mansão, que constava em nome de um cidadão americano e um brasileiro, teria sido comprada pelo influencer em 2012, pelo valor de R$ 470 mil. Em depoimento, o réu confirmou a compra do imóvel.
Segundo Cariani, a casa pertencia a um casal. Um deles, americano com cidadania brasileira, morreu, e sua família teria “desprezado” os direitos sobre metade do imóvel. A venda, então, foi tratada entre o influencer e o brasileiro, dono da outra metade da propriedade, que teria vendido ao fisiculturista apenas a sua parte. A Polícia Federal apura, portanto, as circunstâncias dessa aquisição. De acordo com Cariani, a comprovação de propriedade sobre a outra parte da mansão seria feita por usucapião.
Renato, de acordo com a Polícia Federal, possui outras casas declaradas em seu Imposto de Renda. Por isso, “o fato de não ter declarado este imóvel especificamente levanta suspeitas sobre os motivos da possível ocultação de patrimônio”.
Além disso, a PF também levantou suspeita acerca do montante em espécie acumulado pelo empresário. Entre 2014 e 2022, ele acumulou R$ 942,2 mil reais em sua posse. Segundo a polícia, “chama a atenção” que alguém armazene abundante quantia de dinheiro “nos dias de hoje”, quando se dispõe de ferramentas que oferecem “segurança”, como o Pix.
Em publicação nesta semana, Cariani publicou uma imagem com a mensagem: “Você só incomoda os fracos, os fortes te admiram”. Em uma série de vídeos, o influenciador também tentou argumentar que os últimos desenvolvimentos na Justiça não eram surpresa, já que ele era sócio na empresa envolvida, mas “não necessariamente tem culpa” pelas irregularidades.
Cariani é acusado de ter desviado produtos químicos para a produção de toneladas de drogas para o narcotráfico. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, apontou que em seis anos foram desviadas algo em torno de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol, substâncias usadas por criminosos para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.
Segundo a PF, o principal alvo no caso é a empresa Anidrol, uma indústria química que fica em Diadema, na Grande São Paulo, e tem como sócio o influenciador fitness. “As investigações revelaram que o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando “laranjas” para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais, vítimas que figuraram como compradoras”, informou a PF na época da Operação Hinsberg.
O esquema do qual Renato Cariani fazia parte desviou, em seis anos, uma quantidade de produtos químicas suficiente para produzir 19 toneladas de crack. A investigação, em parceria com o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), começou em 2019 a partir de uma denúncia do laboratório AstraZeneca, o mesmo que fabrica vacinas e medicamentos.
A investigação identificou que o grupo criminoso emitiu e faturou notas em nome de três grandes empresas entre 2014 e 2021, sendo elas: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. Até o momento, foram identificadas 60 transações vinculadas à organização criminosa — totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila).
— Uma das empresas que sou sócio, que é a que está sofrendo investigação, foi fundada em 1981, tem mais de 40 anos de história, é uma empresa linda, onde minha sócia com 71 anos de idade ainda é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, que tem sede própria, que tem todas as licenças, todas certificações nacionais e internacionais, uma empresa que trabalha totalmente regulada. — disse Cariani.