O Rio de Janeiro completa, hoje (1º de março), 459 anos. São séculos de história da Cidade Maravilhosa, repletos de cultura e de acontecimentos complexos que tiveram como palco uma das maiores cidades da América.
A capital do estado do Rio, que já foi capital do Brasil e sede do Império Português, tem muito para se entender. Para aproveitar a data de homenagem à cidade do Rio, fizemos uma série de entrevistas com autoras que escrevem e estudam sobre a casa dos cariocas.
Neste texto, você lê a entrevista com Rosa Maria Araújo, historiadora, Presidente do Arquivo Geral do Rio de Janeiro, doutora pela Universidade Johns Hopkins, autora de diversos livros e artigos, dentre eles: “A vocação do prazer, a cidade e a família no Rio de Janeiro republicano” e “O batismo do trabalho, a experiência de Lindolfo Collor”.
Além de trabalhos na área cultural, como o desenvolvimento do musical “Sassaricando – E o Rio inventou a marchinha”.
Leia também a entrevista com Luciene Carris, sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.
Confira o que descobrimos sobre a Cidade Maravilhosa!
O surgimento da cidade do Rio de Janeiro
Antes de tudo, perguntamos a presidente do Arquivo Geral da Cidade, como foi o surgimento do Rio de Janeiro. Ela conta que tempos após a chegada dos portugueses na Bahia, os colonizadores foram descendo ao sul e viram o morro Cara de Cão.
Então, Rosa Maria, explica que na época, quando os europeus encontravam novas terras, eles se apossavam do local e tratavam a ocupação daquele espaço como uma conquista. Ela diz:
Como se fosse uma conquista, como se aterra não fosse de ninguém. Na verdade, a terra era habitada por indígenas. Então, hoje a gente conta a história do Brasil de uma outra forma, havia os índios aqui, quando os portugueses chegaram. Então, foi um encontro de culturas
Em seguida, ela fala sobre a estratégia de dominação dos europeus que vieram com mais estrutura bélica que os nativos para as terras, que hoje, são o Brasil. Rosa Maria diz que para tomar conta do novo território era preciso ocupar a terra, para poder fundar uma cidade e determinar o local como um território português.
Próximo do Morro Cara de Cão, fez-se o Forte São João para defender a cidade de invasores de outras nações europeias e dos piratas franceses. Segundo a historiadora, foram estabelecidas alianças com alguns povos indígenas por meio de negociações e escambo.
Deste maneira, se construiu a cidade do Rio de Janeiro, que foi fundada por Estácio de Sá, em 1565.
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Qual a origem do nome Rio de Janeiro?
Para explicar a origem do nome “Rio de Janeiro” a historiadora começa explicando que o nome Brasil, foi dado a esta terra pelos portugueses por conta do Pau-Brasil, uma árvore com muitas finalidades que possui uma espécie de tinta vermelha, cor de brasa no seu interior, daí o nome Brasil.
Quando os europeus chegaram onde é a cidade do Rio, eles viram o mar e o confundiram com um rio e eles estavam no mês de janeiro. Desta relação, veio o nome “Rio de Janeiro”.
Construção da cultura carioca, uma vocação para a alegria
Rosa Maria conta que, no princípio, os portugueses escravizaram os povos nativos e anos depois começaram a realizar o tráfico humano de africanos escravizados. Esse regime escravocrata, baseado em mão de obra não remunerada e em condições insalubres, durou até 1888, quando veio a Lei Áurea e aboliu, oficialmente, a escravidão no Brasil.
Rosa Maria também diz que com a abolição, conquistada com muita luta, se teve que começar a pagar a mão de obra na lavoura, nos serviços, comércios, entre outras instâncias. Com essa mudança, a imigração para o Rio cresceu muito, pessoas vinham de vários lugares do mundo e de dentro do país, começando a se criar um caráter cosmopolita no Rio.
Rosa Maria explica mais sobre o cosmopolitismo carioca:
Como o Rio foi capital por quase duzentos anos, aqui era sede da Corte Portuguesa e depois sede da República Brasileira como capital, então se tinha muito estrangeiros. Afinal, a capital tem as representações diplomáticas, tem mais jornalistas, mais advogados e o Rio era bem populoso, havia 700 mil habitantes quando foi instaurada a República (1889)
A historiadora explica também sobre a natureza privilegiada do Rio. Ela diz que a cidade fica entre o mar e a montanha, possui clima ótimo, onde faz muito sol. A junção do mar, da montanha, das florestas conquista as testemunhas deste espetáculo.
Ela ainda fala sobre as diversas culturas enriquecedoras que participaram da construção do Rio. Como os povos africanos que trouxeram seus ritmos, músicas, danças; os portugueses com as festas religiosas e os nativos com as suas manifestações culturais.
Rosa Maria fala que a união de todas essas culturas com as belezas naturais concederam à cultura carioca uma vocação para a alegria.
Cristo Redentor, símbolo da Cidade do Rio de Janeiro
O projeto do Cristo Redentor iniciou em 1859 com a visão do padre francês Pierre-Marie Boss. A proposta ganhou força em 1922, durante os preparativos para o centenário da Independência do Brasil. O padre registrou a ideia em 1903, e em 1922, uma competição de projetos foi realizada, sendo Heitor da Silva Costa o vencedor.
Cerca de 22 mil mulheres fizeram um abaixo-assinado pedindo ao presidente Epitácio Pessoa autorização para a construção do monumento. A intenção era financiar o Cristo apenas com doações dos brasileiros. Em 1923, a Arquidiocese do Rio de Janeiro lançou a semana do Monumento, arrecadando mil contos de réis. No total, a construção custou 2.500 contos de réis, equivalente a R$ 9,5 milhões.
A historiadora conta que o Cristo Redentor simboliza uma benção dada ao Rio de Janeiro e que isso pode ser constatado devido o fato dele estar com os braços abertos. Ainda segundo Rosa Maria, a escultura caiu no gosto do povo por conta da sua beleza arquitetônica e da beleza natural da Baía do Guanabara que o cerca.
Comemorações do Aniversário do Rio de Janeiro
Rosa Maria nos conta que o dia do Aniversário do Rio é um dia de festa. Ela explica a razão:
O carioca já é muito festeiro, ele tem vocação para a alegria, vocação para o prazer e tem uma especial vocação para a diversão ao ar livre. Porque o carioca é muito informal, na maneira de se vestir, na maneira de falar.
Desta forma, as pessoas se unem para conversar, fazer música, realizar rodas de samba, bailes funk e comemorações. A historiadora conclui dizendo que o carioca tem muito orgulho de ser carioca, pois, entende que a Cidade Maravilhosa é um símbolo do Brasil.
Por Tiago Vechi
Jornalista