Não tivesse o jogo de Famalicão sido adiado e o Sporting-Atalanta desta quarta-feira, a contar para a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa (17h45, SPTV1), teria um número redondo a acompanhá-lo: seria o 200.º jogo de Rúben Amorim como treinador dos “leões”. Assim, é “apenas” o 199.º, mas não deixa de ter significado. Já passaram quatro anos (menos dois dias) desde que Amorim cumpriu o seu primeiro jogo no banco “leonino”, então um treinador “sem carta”, num jogo frente ao Desportivo das Aves (a 8 de Março de 2020), vitória por 2-0 e com uma equipa da qual só restam quatro jogadores, todos centrais – Coates, Quaresma, Inácio e Neto.
Em quatro anos e 198 jogos, o Sporting ganhou 138, empatou 30 e perdeu trinta. Em 2023-24, perdeu quatro e apenas uma dessas derrotas foi em Alvalade, precisamente frente ao adversário que terá pela frente nesta quarta-feira, a Atalanta do experiente Gasperini, um 1-2 com duas partes distintas. Uma de domínio italiano, outra de resposta à altura do Sporting. O segundo confronto da fase de grupos deu empate, 1-1 em Bérgamo, insuficiente para os “leões” ficarem no primeiro lugar do agrupamento.
Esses dois jogos com a Atalanta são a base de trabalho para Rúben Amorim preparar o jogo, não tanto o momento actual da equipa de Bérgamo, com apenas um ponto nos seus últimos três jogos na Série A. “O nosso foco foi mais nos jogos entre as duas equipas. Sabemos que a Atalanta vinha de uma série muito boa antes do Inter, mas o foco esteve mais nos novos jogadores, em conhecer bem as suas características. Utilizámos os últimos jogos deles, não para ver a forma como constroem, mas sim para analisar os novos jogadores que vamos enfrentar neste momento”, referiu o técnico do Sporting.
“Sabemos o seu poderio e valor, foram superiores a nós numa parte desse jogo. É, de facto, a única equipa que ganhou aqui, mas é uma nova história, um novo jogo e estamos preparados”, reforçou Amorim, considerando que a Atalanta é um adversário diferente dos que o Sporting está habituado a defrontar em Portugal: “É uma equipa com capacidade física diferente das que encontramos em Portugal. É uma equipa muito potente e temos de igualar essa intensidade. Já tivemos dois jogos com eles, acho que nos adaptámos melhor no segundo, vai ser difícil, mas sinto que estamos mais preparados neste momento.”
Há, no entanto, um número redondo a acompanhar esta recepção à Atalanta. Será o 40.º jogo que o Sporting faz esta época, sinal de que o calendário dos “leões” continua carregado, com tudo o que de bom e mau isso implica – mais títulos que podem ser conquistados e sobrecarga competitiva dos jogadores mais importantes. Para este jogo, Amorim não poderá contar com três dos seus fixos, Antonio Adán, Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves e é expectável que mude muita coisa em relação ao “onze” que defrontou o Farense no último domingo.
Não se trata de poupanças, mas de gestão, como explicou o técnico “leonino”. “Estamos a gerir fisicamente os jogadores e não a poupar. Gerir para ir ganhando todos os jogos. Olhando para os jogadores que estão no limite, vamos vendo o rendimento no jogo. Temos o Pote que não pode jogar este jogo, Adán, Inácio… A gestão é feita para salvaguardar os jogadores da lesão e tentar levar isto a bom porto”, referiu.
Do lado italiano, também não há muito tempo para respirar. O jogo com o Sporting será o quarto da Atalanta em 11 dias, sendo que os resultados não são um indicador de boa forma – empate com AC Milan (1-1) e derrotas com Inter (4-0) e Bolonha (2-1), desfechos que puxaram a equipa para o 6.º lugar na Série A.
“Têm sido jogos bastante exigentes”, reconhece Gian Piero Gasperini, que já vai na sua oitava época como técnico da Atalanta. Para o veterano treinador de 66 anos, a Liga Europa não é a maior das prioridades, mas também não é para descartar: “O Sporting tem como prioridade vencer o campeonato. Para nós a prioridade é ganhar a Taça de Itália, qualificarmo-nos para as competições europeias através do campeonato e ir o mais longe possível na Liga Europa.”