Segundo especialistas, ainda que o resultado tenha sido positivo, ele não surpreendeu, já que uma recuperação era aguardada pelos analistas do setor.
A queda das ações nesta terça-feira (19) acompanhou o movimento dos papéis de varejistas como um todo, que, em geral, registraram baixa no pregão.
Os papéis de Magazine Luiza lideraram as perdas do Ibovespa hoje, com perdas de 6,19%, cotados a R$ 1,97 no fechamento.
No ponto mínimo da sessão, perto do encerramento, às 16h50, a ação chegou a ser negociada com desconto de 6,6%, a R$ 1,96.
O papel de Magazine Luiza ainda foi o mais negociado do dia no Ibovespa, à frente até dos preferenciais (PN, com preferência para receber dividendos) da Petrobras. Foram realizadas 65.385 operações com a ação da varejista, contra 65.165 da petroleira.
Em 2017, as ações do Magazine Luiza chegaram a ser negociadas acima de R$ 300.
“O mercado recebeu bem, teve geração de caixa, interrupção do crescimento da dívida, gestão de passivos boa, mas não teve nada que foi uma surpresa, um grande destaque, já esperávamos que fosse nessa direção”, avalia Phil Soares, analista da Órama.
O especialista ainda destaca que, embora o resultado tenha sido positivo, ele poderia ser melhor e o caminho que a varejista terá que percorrer para se recuperar totalmente ainda é longo.
“A gente achou mais ou menos. Claro que a companhia melhorou bastante, está fazendo uma gestão de passivo muito importante. Mas é uma empresa que está cotada hoje a R$ 15 bilhões, reportar um lucro de R$ 100 milhões ainda é muito baixo frente ao valor de mercado. Então, tem muito caminho pela frente”, diz.
Para Julia Monteiro, analista da MyCap, a queda das ações também é justificada pelas expectativas que foram criadas pra o Magazine Luiza daqui em diante. Ela lembra que os papéis tiveram uma valorização recentemente e que, com isso, alguns investidores estão realizando os lucros que tiveram (ou seja, vendendo os papéis para embolsar o dinheiro da valorização).
“O balanço veio muito forte, mas muito sustentado por eventos não recorrentes. Mas veio bem assim mesmo, impulsionado principalmente pela venda no 3P. A grande questão é a taxa de juros, que realmente está impactando essas empresas. Ela tinha subido bastante, gerou-se uma expectativa positiva daqui para frente. Então, esse movimento de agora não é relativo ao resultado, mas à expectativa para os próximos”, afirma.
José Daronco, analista CNPI da Suno Research, concorda que houve uma “correção” nas ações da companhia. Segundo o especialista, as ações subiram “com antecedência”, justamente porque o mercado já esperava os bons resultados.
“O mercado já havia se antecipado ao balanço da Magalu, motivo pelo qual as ações subiram na antecedência. Nesse sentido, entendo que a queda de hoje é uma mera correção. De maneira geral, o balanço veio em linha com as expectativas, com a varejista priorizando margem ao invés de volume. O resultado foi uma forte geração de caixa, ainda que o volume de vendas tenha diminuído. O marketplace tem ganhado espaço e já representa a maior parte das vendas da Magalu, superando as lojas físicas. Para os próximos trimestres, esperamos que a companhia continue priorizando a rentabilidade, sendo muito seletiva nos descontos e priorizando um mix de produtos que deixem mais margem”
Ao longo do pregão desta terça-feira, ações relacionadas a economia doméstica, como as varejistas, do setor de consumo e até mesmo de serviços registraram uma queda praticamente generalizada.