O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou, na noite de segunda-feira (25), sobre a revelação de que passou dois dias abrigado na embaixada da Hungria, em Brasília, entre 12 e 14 de fevereiro deste ano.
O episódio foi revelado por uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times, que divulgou, inclusive, imagens do circuito interno de câmeras da embaixada húngara.
Bolsonaro ficou hospedado no local quatro dias depois de ter tido seu passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. O ex-presidente foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, da PF, no dia 8 de fevereiro.
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“Não há crime nenhum isso. Porventura, dormir na embaixada, conversar com embaixador, tem algum crime nisso? Tenha santa paciência! Chega de perseguir, pessoal”, disse o ex-presidente a jornalistas, após participar de uma homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, sua esposa, no Theatro Municipal de São Paulo.
Caso Marielle
Irritado com os questionamentos dos repórteres, Bolsonaro também citou o caso Marielle Franco, que se aproxima de um desfecho após a PF ter concluído inquérito apontando os mandantes do crime. A vereadora do PSOL foi assassinada em março de 2018.
“Vamos falar da Marielle Franco. Eu passei seis anos sendo acusado de ter matado a Marielle Franco. Acabou o assunto agora? Vamos falar dos móveis do Alvorada?”, ironizou Bolsonaro.
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Prisão de Mauro Cid
O ex-presidente da República, investigado no STF por suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, também foi indagado sobre os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens na Presidência.
Na semana passada, o militar foi preso novamente pela PF, por determinação de Moraes, após a divulgação de áudios pela revista Veja nos quais Cid afirma que foi coagido por integrantes da PF durante seus depoimentos e ataca o próprio Moraes. Segundo o magistrado, o tenente-coronel descumpriu medidas cautelares e tentou obstruir a Justiça.
“Mauro Cid é primeira instância. Não tem o que falar. No meu entender e dos meus advogados, é primeira instância”, despistou Bolsonaro.
Michelle, cidadã paulistana
Apesar de uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) de vetar o Theatro Municipal para a realização de uma homenagem a Michelle Bolsonaro, a cerimônia – promovida por vereadores bolsonaristas – aconteceu normalmente na noite de segunda-feira, na capital paulista. A esposa de Bolsonaro recebeu o título de cidadã paulistana.
A proibição da Justiça havia sido determinada pelo desembargador Martin Vargas, da 10ª Câmara de Direito Público do TJSP. Ele acatou um recurso apresentado pela deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) e pela ativista Amanda Paschoal, que contestaram o uso de um teatro público para um evento supostamente político.
A Câmara Municipal de São Paulo recorreu da decisão junto ao presidente do TJSP, Fernando Antonio Torres Garcia, mas o desembargador se declarou incompetente para analisar o recurso. Segundo ele, o pleito do Legislativo municipal deveria ser apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para evitar um imbróglio jurídico maior, o vereador Rinaldi Digilio (União Brasil), autor da proposta de homenagear Michelle, decidiu pagar o aluguel do teatro “a fim de evitar qualquer questionamento sobre eventual dano ao erário público”, de acordo com nota divulgada pela Câmara Municipal.
Além de Bolsonaro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também participou da cerimônia. Ele busca o apoio do ex-presidente à sua candidatura à reeleição.