Caso Faustão: por que mesmo depois de transplante de rim pode ser necessário fazer hemodiálise?


O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, divulgou na noite da última sexta-feira, 22, novo boletim médico sobre o estado de saúde do apresentador Fausto Silva, o Faustão. Segundo o comunicado, Faustão está consciente e respirando sem a ajuda de aparelhos. Ele também está conversando normalmente, segundo os médicos.

Entretanto, o apresentador está passando por sessões de hemodiálise enquanto aguarda a adaptação do rim transplantado em 26 de fevereiro. Vale lembrar que, antes disso, Faustão precisou ser submetido a um procedimento chamado embolização devido a complicações na adaptação do órgão transplantado.

A embolização é um procedimento médico utilizado para interromper o fluxo de sangue ou linfa em uma determinada região, segundo o cirurgião vascular Rafael Noronha, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Em cirurgias de grande porte, como o transplante renal, esse procedimento pode ser necessário devido a lesões nos vasos linfáticos, embora seja considerado uma ocorrência rara.

De acordo com especialistas, prazo para retomada da função renal é de um a dois meses Foto: Rodrigo Moraes/ Band

O que é a hemodiálise

Alexandre Sallum Bull, chefe de transplante renal do Hospital Santa Catarina-Paulista, explica que o procedimento é indicado quando os rins sofrem de alguma doença crônica que leve à perda de suas funções, ou seja, quando há uma insuficiência renal. De acordo com ele, 90% dos casos estão associados a pacientes com diabetes ou hipertensão.

Em resumo, consiste em conectar o paciente a uma máquina que desempenha o papel do órgão, removendo toxinas e resíduos do organismo. A hemodiálise geralmente é indicada às pessoas que estão na fila de espera para realizar o transplante.

Agora, quando já houve a reposição do órgão, como é o caso do Faustão, a expectativa, em condições normais, é que o rim já consiga assumir sua função de filtrar o sangue de maneira efetiva logo nas primeiras semanas, resultando na liberação da hemodiálise.

Atraso da função renal

Contudo, de acordo com Giulia Hatae, nefrologista da Beneficência Portuguesa (BP) de São Paulo, o apresentador se enquadra em um grupo de pacientes com a chamada função retardada do enxerto. Em outras palavras, significa que o novo rim não começa a funcionar imediatamente após o transplante e sofre um atraso na recuperação de suas funções normais.

Esse atraso pode ser resultado de várias condições, incluindo comorbidades do paciente ou associadas ao próprio doador do órgão.

Também vale ressaltar que, seis meses antes do transplante de rim, o apresentador também precisou enfrentar um transplante de coração, fator que colaborou com a perda de função dos rins. “Antes da reposição do rim, ele já estava precisando de hemodiálise. O transplante foi feito justamente para que o rim começasse a funcionar e suprisse a necessidade do corpo em filtrar sangue, o que ainda não aconteceu”, diz Sallum.

Com relação aos próximos passos, Sallum afirma que é difícil prever. A expectativa é que a função renal se estabilize entre um ou dois meses, mas podem ocorrer complicações como rejeição, infecções ou manifestações de características negativas do rim doado.

“Caso a função renal não venha a se estabilizar dentro desse prazo, o habitual é que realizem uma biópsia para uma avaliação mais precisa e, possivelmente, um novo transplante venha a ser exigido”, explica.



Source link